Testes em Túnel de
Vento de laboratório
Karolina Thiesen
Os equipamento
que conseguem simular deslocamentos de ar com intensidades variáveis são chamados de túnel de
vento e são feitos para analisar o desempenho aerodinâmico de construções em escala
reduzida, utilizando maquetes. Os ensaios permitem determinar os efeitos da
carga de vento sobre estruturas de edifícios, pontes e outras estruturas
especiais, fornecendo ao projetista dados que aumentam a confiabilidade do
cálculo estrutural. No túnel de vento, também é possível determinar a
influência das edificações próximas e da topografia do entorno da construção,
analisar a ventilação dos ambientes internos e avaliar a qualidade do ar
interior em relação à dispersão de poluentes e contaminantes. Sua aplicação
está diretamente relacionada às situações que exigem informações com mais exatidão
e confiabilidade ou quando o conhecimento a respeito das cargas de vento recai
sobre condições que fogem às previstas nas normas técnicas.
A
ação dos ventos é um dos fatores mais importantes a serem considerados no
dimensionamento de estruturas e coberturas das construções.
A incidência de
ventos fortes na fachada da edificação pode produzir efeitos indesejáveis para
o projeto e para os usuários - como vibrações exageradas na estrutura, momentos
excessivos nas fundações e grandes velocidades e turbulências nas áreas de
circulação de pedestres. Caso não seja adequadamente considerada, a força do
vento também pode causar danos à cobertura, em especial àquelas com grandes
superfícies inclinadas (veja ilustração).
1.
Estádios da Copa
A B
A)
Uma maquete em escala 1:200 da Arena Castelão, construída em Fortaleza, passou
por ensaio no túnel de vento do IPT em 2011. Nela foram instaladas 180 tomadas
de pressão na cobertura do estádio. No entanto, como a arquitetura do estádio
previa uma estrutura praticamente simétrica, os dados medidos puderam ser
adotados em outros pontos do projeto. Assim, os resultados obtidos eram
equivalentes a um ensaio com cerca de 360 tomadas de pressão.
B)
A Arena Pantanal, em Cuiabá, foi outro estádio da Copa ensaiado no túnel de
vento do IPT. Foram instaladas 308 tomadas de pressão na maquete do estádio
para obter os coeficientes de pressão na região da cobertura e os carregamentos
de vento nos sistemas de fechamento. Nesse caso particular, incluiu-se nos
ensaios uma maquete do ginásio Aecim Tocantins, que fica muito próximo à arena
e, por isso, influencia nos ventos incidentes no estádio.
O túnel de vento do IPT e seu similar da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) são os dois equipamentos atualmente mais utilizados
no País para ensaios de modelos reduzidos de pontes e edifícios. Também existe
um túnel de vento de grandes dimensões no Instituto Tecnológico da Aeronáutica
(ITA), em São José dos Campos (SP), mas suas horas de trabalho são mais
dedicadas a projetos de aviões e similares.
O túnel do IPT tem
estrutura metálica, fechamento de madeira e janelas de vidro próximas à barreira
castelada e à mesa giratória. Tem, no total, 40 m de comprimento. A câmara de
ensaio tem cerca de 28 m de comprimento e 6 m² de seção interna.
2.
Ensaios de túnel de vento para equipamentos
eletrônicos
Fonte: http://br.omega.com/artigos-tecnicos/importancia-dos-testes-em-tunel-de-vento-de-laboratorio.html
As
taxas de falhas de muitos componentes eletrônicos elevam-se com a temperatura.
Este é um problema que desafia os projetistas, já que a crescente densidade de
transistores significa que os dispositivos geram mais watts por centímetro
quadrado do que nunca. Técnicas de modelagem CFD predizem a eficácia de
abordagens de dissipação de calor, como dispersar componentes e adicionar
dissipadores de calor e ventiladores, mas o teste permanece uma etapa
essencial.
Embora
ensaios em bancada possam ser suficientes para alguns componentes e placas, uma
abordagem melhor é colocá-los em um túnel de vento. Testes em túnel de vento
geralmente são planejados em conjunto com a aerodinâmica, mas também são um
método importante de teste de eletrônicos. Apenas em um túnel de vento o fluxo
de ar pode ser manipulado para a avaliação dos efeitos do resfriamento da
ventoinha, por exemplo.
2.1. Teste do Túnel de Vento
para Confiabilidade
O principal uso do túnel de vento de laboratório é
caracterizar e verificar a modelagem do desempenho térmico de componentes
eletrônicos e do PCB. Isto é muito importante para garantir as baixas temperaturas
necessárias para uma operação confiável, e é especialmente importante para
hardware sujeito a NEBS ou padrões similares.
2.2. Necessidade
de Gerenciamento Térmico
À medida que a densidade do transistor continua
subindo, os microprocessadores consomem mais energia e liberam mais calor. O
resfriamento é essencial para uma operação confiável, por esta razão os
dissipadores de calor aumentaram de tamanho, as ventoinhas se tornaram mais
potentes e tubulações de calor agora são mais comuns. Contudo, os processadores
não são a única fonte de calor. Cada componente eletrônico ativo gera calor, e
o projeto dos circuitos modernos os juntam em densidades maiores.
A confiabilidade do componente eletrônico é
inversamente proporcional à temperatura de operação, de modo que mais calor
exige mais resfriamento. Para confiabilidade no longo prazo, as temperaturas na
junção do componente devem ser mantidas abaixo de 75°C (167°F).
Algumas aplicações, particularmente onde as
garantias e os ciclos de vida são longos, exigem altos níveis de
confiabilidade: situações onde o acesso é difícil e caro, ou onde o tempo de
inatividade incorre custos altos ou perda de receitas. Um desses setores, em
particular, é o da rede pública de telefonia comutada (PSTN). Organizações como
a Bell, e, agora, a Telcordia, colocam grande ênfase na obtenção de alta
confiabilidade para componentes eletrônicos por períodos de 20 anos ou mais.
2.3. NEBS
Visando garantir que os comutadores da rede teriam
desempenho confiável por extensos períodos, na década de 1970 a empresa Bell
Labs desenvolveu um conjunto de normas que se tornou conhecido como os
critérios NEBS. Embora hoje sejam mais conhecidos como Requisitos Genéricos
(GR), estas permanecem como normas primárias que regem o desempenho dos
equipamentos de telecomunicações. A FCC exige níveis muito elevados de tempo de
funcionamento para a PSTN, o que foi a força motriz por trás do desenvolvimento
dos critérios NEBS. Mesmo quando sua utilização não é obrigatória, como em
redes sem fio, os operadores do sistema preferem usá-los, devido à
confiabilidade comprovadamente alta resultante.
2.4. Uso de um Túnel de Vento para Verificação e Teste de Modelos
Em qualquer processo de desenvolvimento, é
importante identificar os problemas desde cedo, preferivelmente antes de se
investir dinheiro em ferramentas e manufatura. Isso reduz o risco de falhas no
teste que muitas vezes acabam forçando um redesenho caro e apressado e atrasos
no lançamento. Com preocupações sobre o calor sendo um importante fator no
projeto eletrônico, tornou-se prática padrão construir modelos de CFD antes da
construção dos componentes físicos e placas. Esses permitem fluxos de calor em
projetos diferentes e, assim, ajudam a aprimorar a confiabilidade. No entanto,
independentemente de quanta modelagem ocorra, a verificação ainda é uma etapa
essencial. É aí que o túnel de vento se torna um equipamento fundamental.
Com um túnel de vento de laboratório, os componentes
e as placas podem ser montados em um fluxo de ar e instrumentados com
termopares. A placa ou componente pode ser energizado e submetido a testes de
geração de calor, com registro das temperaturas resultantes para comparação com
previsões de modelos. Alternativamente, a colocação de diferentes projetos de
protótipo lado a lado (como dissipadores de calor) permite uma comparação
direta do desempenho. Em alguns túneis de vento, o ar pode ser aquecido a uma
temperatura específica para o teste do desempenho sob variadas condições
ambientais (isto é importante para NEBS, onde o desempenho confiável com
alimentação por bateria sem sistemas de resfriamento é altamente desejável).
2.5. Utilização de Um Túnel de Vento para Calibração
Os túneis de vento de
laboratório têm usos além da verificação de modelagem CFD. Eles podem ser
usados para calibrar os sensores de ar e de temperatura e também para a
calibração de anemômetros. Estes podem ser do tipo hélice, fio condutor aquecido
ou anemômetros de tubo de Pitot.
Outro uso semelhante a calibração para túneis de
vento de laboratório é a geração de curvas P-Q para ventoinhas. As curvas P-Q
caracterizam o desempenho de ventoinhas e, assim, são um importante critério de
seleção. Vários
requisitos para a calibração de anemômetros devem ser levados em conta:
Todos os transdutores e equipamentos de medição
devem ter calibrações rastreáveis.
Relatórios e certificados de calibração devem conter
todas as informações relevantes de rastreabilidade.
Antes de cada calibração, a instalação deve ser
verificada por meio de calibração comparativa de um anemômetro de referência.
A repetibilidade da calibração deve ser verificada.
Uma avaliação da incerteza da medição deve ser
realizada de acordo com as diretrizes.
A fim de assegurar a repetibilidade da instalação,
devem ser executadas cinco calibrações de um anemômetro de referência. A
diferença máxima entre essas calibrações deve ser inferior a 0,5% na velocidade
de vento de 10 m/s. Os arranjos da montagem podem ter efeitos dramáticos na
sensibilidade do instrumento.
2.6. Túneis de vento de laboratório comercializados atualmente
Uma gama completa de túneis de vento de laboratório
é comercializada atualmente. Estes vão desde o compacto e barato até túneis de
vento de alta qualidade, para pesquisas. Todos incorporam recursos para
minimizar a turbulência do ar, tais como estruturas em favo de mel, e são
projetados para alta precisão e repetibilidade.
Ideais para teste NEBS, os túneis de vento de
circuito fechado em bancada de nível laboratorial recirculam o ar, em vez de
expeli-lo na sala. Este projeto é vantajoso para o teste de placas e
componentes em ar quente, já que ele chega à temperatura rapidamente e fornece
boa estabilidade térmica. A seção de teste de policarbonato mede 41,8 por 22,5
por 8,9 cm. Velocidades de ar de até 7 m/s (1200 pés/min) podem ser programadas
através do controlador e o ar pode ser aquecido a 85°C com uma exatidão de
±1°C.
3. Túnel de água
Um túnel de água é uma instalação experimental
usada para testar o comportamento hidrodinâmico de
corpos submersos em água corrente. É muito semelhante a um túnel
de vento de
recirculação, mas com água como fluido de trabalho, e fenômenos relacionados
são estudados, tais como a medição das forças sobre modelos em escala de submarinos ou sustentação ou arrasto em hidrofólios.
Engenheiros da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, estão
iniciando os estudos de viabilidade para a construção de um túnel de água para
estudos avançados de dinâmica de fluidos.
3.1. Estudos hidro e
aerodinâmicos
O projeto visa criar uma
alternativa para os conhecidos túneis de vento, criando o maior túnel de água
do mundo, chamado WTAPC (Water Tunnel of the Americas at the Panama Canal).
"Um túnel de água é a
progressão natural de um túnel de vento de pesquisas," diz Antonio Nanni,
gerente do projeto. "A água e o vento têm efeitos similares sobre as
estruturas e os materiais, mas, com a água, pode-se maximizar o efeito
dinâmico, porque a água é mais densa do que o ar."
O gigantesco laboratório poderá
trazer benefícios para várias indústrias, incluindo a aeroespacial, naval e da
construção civil, além da indústria automobilística. O túnel também permitirá
aos cientistas determinar as forças de condições climáticas extremas em
edifícios e estruturas, replicando as condições de vida real em uma escala maior
do que é atualmente possível.
O túnel de água terá uma seção de
teste de 4 x 4 metros (m) de largura por 20 m de comprimento, e deverá gerar
uma velocidade da água de até 20 m/s.
Uma condição essencial para o
desenvolvimento das pesquisas é que esse fluxo seja mantido por, pelo menos, 60
segundos. Nenhum túnel de água no mundo hoje supera qualquer um desses
quesitos. Os túneis de água já existentes são circuitos fechados que usam
motores elétricos e bombas para forçar a água através de um duto.
O novo túnel deverá ser mais
"verde", aproveitando a queda natural da água captada na barragem
Meddem, do Canal do Panamá, que fluirá periodicamente através do túnel,
dispensando o bombeamento e o gasto de energia. Além do túnel de água
propriamente dito, o laboratório exigirá um sistema de supercomputação, capaz
de processar todos os dados gerados a cada experimento.
4. Referências:
Inovação tecnológica - Maior
túnel de água do mundo vai superar os túneis de vento- Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tunel-de-agua-aerodinamica#.WBCTEtUrLIU>.
Acesso em: 26/10/2016
Wikipedia - Túnel de água - Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%BAnel_de_%C3%A1gua>.
Acesso em: 26/10/2016
Omega – A
importância dos testes em túnel de vento de laboratório –Disponível em:
<http://br.omega.com/artigos-tecnicos/importancia-dos-testes-em-tunel-de-vento-de-laboratorio.html>.
Acesso em: 26/10/2016
Téchne- Visita Técnica - Como funciona o túnel de vento do IPT –
Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/208/artigo319316-2.aspx>
Acesso em: 26/10/2016
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