Rallian Madeira, Engenharia Química.
INTRODUÇÃO
A necessidade de movimentação dos fluidos tem empenhado a
humanidade desde a antiguidade. Com esse intuito, houve a necessidade da
criação de diversos dispositivos capazes de executar essa tarefa.
Um desses dispositivos é a bomba hidráulica. As bombas
consistem em adicionar energia aos fluidos ao tomar energia de hastes, eixos e
outros fluidos. Existe uma grande variedade de bombas, tais como a bomba de
vácuo, a bomba de ar, a bomba centrífuga, etc.
No atual mundo em que vivemos, que demanda cada vez mais por
soluções práticas e eficientes, tais dispositivos assumem um papel cada vez
mais importante, e cabe ao engenheiro químico ter o conhecimento necessário
para aplicar essa tecnologia.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE PROJETOS E INSTALAÇÕES
Normalmente, quando é feita a encomenda do projeto de uma
instalação hidráulica industrial, são fornecidos, no mínimo, o local donde o
fluido deve ser retirado, o local onde o fluido deve chegar e o consumo do
fluido.
Observe o exemplo a
seguir:
O engenheiro deve verificar essas posições e estudar por onde devem passar os tubos, reservando um espaço para o conjunto moto-bomba.
A instalação pode ser dividida em duas partes: sucção e
recalque. Da seção (1) (nível do manancial) até a seção (e) (entrada da bomba),
temos a tubulação de sucção, nome
atribuído as características de pressão da seção de entrada da bomba. Já que o
fluido não pode ser puxado, a bomba deve criar uma situação para que o mesmo
seja empurrado. No caso, a pressão atmosférica local que age no nível do manancial.
Da seção (s) (saída da bomba) até a seção (2) (nível desejado
para o tanque superior), temos a tubulação
de recalque, nome atribuído pelo fato do fluído só poder ser empurrado ou
recalcado.
A partir disso, o engenheiro deve selecionar componentes
para a montagem da instalação, tais como tubos (material e diâmetro), meios de ligação
dos tubos, válvulas, conexões e outros, para só depois iniciar os cálculos da
instalação.
MATERIAIS DOS TUBOS
Para a escolha do material dos tubos, devem ser considerados
o tipo de fluído, pressão, temperatura, agressividade, contaminação, custos,
entre outros.
Diversos materiais podem ser utilizados, tais como aço
carbono, ligas, inox, ferro fundido, não-ferrosos como o cobre, latão,
alumínio, não-metálicos como plásticos, cimento-amianto, etc. O material mais
utilizado nas instalações hidráulicas industriais é o tubo de aço carbono, em
virtude da menor relação custo/resistência mecânica.
Os tubos de aço podem ser encontrados com ou sem costura. Costura é o nome dado à solda. Os tubos
sem costura, ou seja, que não recebem solda são mais resistentes por não apresentarem
o ponto fraco representado por essa solda.
De acordo com a proteção que possuem, os tubos de aço são
comercializados como tubos pretos ou galvanizados. O tubo galvanizado não poder ser soldado, pois esse processo queima a
galvanização. É muito utilizado no transporte de água por apresentar maior
resistência a corrosão, uma vez que é revestido com zinco. Já o tubo preto, não apresenta qualquer tipo
de proteção.
DIÂMETRO DOS
TUBOS
O cálculo do diâmetro das tubulações é um item muito
importante no projeto de uma instalação. Para uma instalação que necessite de
uma certa vazão, existirá um diâmetro ótimo, que é o diâmetro
economicamente conveniente, tornando o custo total da instalação o menor
possível. O custo total pode ser determinado por:
Abaixo, temos uma relação das dependências entre as
grandezas envolvidas, onde Hp = perda de carga total da instalação; HB = carga manométrica da bomba; e NB = potência da bomba.
Se o diâmetro da tubulação for muito maior que o diâmetro ótimo , haverá uma diminuição de perdas, pois a
vazão (Q) é constante e a velocidade (V) diminui. Como as perdas diminuem, o trabalho da bomba
também diminui, gerando redução da carga
manométrica e da potência da bomba. Dessa forma, o custo do conjunto moto-bomba é baixo, no entanto, grandes diâmetros provocam um aumento significativo no custo de linha.
Se o diâmetro da tubulação for menor que o diâmetro ótimo, haverá um aumento das perdas, provocando o aumento da carga manométrica, da potência exigida pela bomba e por conseguinte, do custo da bomba. Entretanto, o custo de linha será baixo.
O diâmetro pode ser calculado pela seguinte fórmula:
JUNÇÃO DOS TUBOS
Os tubos e componentes podem ser ligados através de 3 meios:
1) Roscas: As ligações rosqueadas são indicadas para pequenos diâmetros. As roscas devem ser cônicas para garantir a vedação. Apesar de facilitar a montagem, as roscas enfraquecem as paredes dos tubos e representam pontos sujeitos a vazamentos.
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Exemplo de rosca. |
2) Solda: Ligações soldadas são muito utilizadas na indústria, pois apresentam boa resistência mecânica e não necessitam de manutenção. Entretanto, dificultam a desmontagem.
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Tubulação sendo soldada. |
3) Flange: Flanges são indicadas para tubos com diâmetro nominal acima de 2''. Facilitam a desmontagem, no entanto são caras, pesadas e volumosas, além de possibilitar vazamentos. São mais utilizadas em bocais de bombas e em pontos das tubulações onde seja necessária facilidade para desmontagem.
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Exemplo de flange. |
VÁLVULAS
Uma instalação não funcionaria sem a aplicação de válvulas. As válvulas podem ser classificadas em:
1) Válvulas de Bloqueio: Servem para interromper o fluxo quando é necessário bloquear determinado trecho de uma instalação. Normalmente estão totalmente abertas e não devem provocar muita perda de carga.
Exemplos: v. gaveta, v. esfera, v. macho e v. mangote.
Exemplos: v. gaveta, v. esfera, v. macho e v. mangote.
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Válvula gaveta (esquerda) e válvula esfera (direita). |
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Válvula macho e válvula mangote |
2) Válvulas de Controle de Fluxo: Servem para controlar o fluxo ou regular a vazão, podendo trabalhar em qualquer posição quanto ao fechamento. Devem ser colocadas com cuidado, pois provocam muita perda de carga.
Exemplos: v. agulha, v. borboleta, v. globo e v. diafragma.
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Válvula borboleta |
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Válvulas globo |
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Válvula diafragma |
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Válvula agulha |
3) Válvulas de Controle Unidirecional: Servem para permitir o fluxo em um único sentido. São utilizadas nas saídas das bombas, nas pontas de tubulações de sucção, etc. Funcionam automaticamente, sem volante, normalmente com o auxílio da gravidade.
Exemplos: v. retenção para tubos horizontais de levantamento e portinhola, v. retenção para tubos verticais, v. retenção de pé com ralo.
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Válvulas de retenção para tubos horizontais e portinhola. |
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Válvula de retenção para tubos verticais. |
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Válvula de retenção de pé com ralo |
4) Válvulas Controladoras de Pressão: Servem para controlar a pressão de montante. As válvulas redutoras de pressão também podem ser automáticas, dependendo de um piloto que é acionado pela pressão de montante e pode dar maior ou menor passagem para o fluido em função da pressão desejada a jusante.
Exemplo: válvula de alívio.
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Válvula de alívio. |
5) Válvula com Solenoide e Válvula Termostática: A válvula com solenoide é uma combinação de duas unidades básicas funcionais: um solenoide (eletromagnético) com seu núcleo e uma válvula contendo um orifício no qual um disco é posicionado para permitir ou interromper a passagem do fluido. A válvula é aberta ou fechada pelo movimento do núcleo magnético, que é atraído pelo solenoide quando a bobina é energizada.
As válvulas termostáticas destinam-se a medir, comparar e controlar a temperatura dos processos nos valores pré-ajustados. São compostas de um sensor primário de temperatura conhecido como bulbo termostático, de um atuador térmico e de uma válvula de controle final.
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Válvula com solenoide e válvula termostática. |
MÁQUINAS HIDRÁULICAS
Máquinas hidráulicas são máquinas transformadoras de energia, e classificam-se em:
a) Máquinas Motrizes: São máquinas que transformam energia hidráulica em trabalho mecânico. Rodas de água e e turbinas são exemplos desse tipo. As rodas de água são as máquinas motrizes de uso mais antigo.
As turbinas aproveitam o desnível entre dois níveis de água e transformam a energia hidráulica em energia mecânica, que através do eixo do rotor da turbina aciona o eixo do rotor de um gerador. As principais turbinas são a Pelton, a Francis e a Kaplan.
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Turbina Francis |
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Turbina Kaplan |
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Turbina Pelton |
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Exemplo de roda de água. |
b) Máquinas Mistas: São máquinas que transformam energia hidráulica em energia hidráulica. Ou seja, fornecem energia hidráulica ao serem acionadas pelo mesmo tipo de energia. Um exemplo de máquina desse tipo é o carneiro hidráulico ou aríete hidráulico.
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Carneiro hidráulico. |
c) Máquinas geratrizes: São máquinas que transformam energia mecânica em energia hidráulica. As bombas hidráulicas realizam esse tipo de serviço acionadas por motores elétricos, estacionários, etc.
TECNOLOGIA DE BOMBEAMENTO - BOMBAS CENTRÍFUGAS
As turbobombas, também chamadas de bombas dinâmicas ou bombas centrífugas, são bombas onde a movimentação do líquido ocorre pela ação
de forças que se desenvolvem na massa do líquido, em conseqüência da rotação de
um eixo no qual é acoplado um disco (rotor ou impulsor) dotado de pás (palhetas,
hélice) que recebe o líquido pelo seu centro e o expulsa pela periferia, devido à ação
da força centrífuga. Daí vem o seu nome mais usual, ou seja, bomba centrífuga. De modo geral, classificamos as bombas centrífugas em: radial, de fluxo misto e de fluxo axial.
1) Bomba Centrífuga Radial: A movimentação do líquido se dá do centro para a periferia do rotor, no sentido
perpendicular ao eixo de rotação. O líquido penetra no rotor paralelamente ao
eixo, sendo dirigido pelas pás para a periferia, segundo trajetórias contidas em
planos normais ao eixo.
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Rotor de uma bomba centrífuga radial. |
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Bomba centrífuga radial em corte longitudinal. |
2) Bomba Centrífuga de Fluxo Misto ou Helicocentrífuga: Nas bombas centrífugas de fluxo misto, o movimento do líquido ocorre na direção inclinada (diagonal) em relação ao eixo de rotação.
Nas bombas desse tipo, o líquido penetra no rotor em sentido paralelo ao eixo
de rotação; sai do rotor, numa trajetória ligeiramente inclinada, seguindo um
plano perpendicular ao eixo de rotação.
A pressão é comunicada pela força centrífuga e pela ação de sustentação ou
propulsão das pás.
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Rotor de uma bomba centrífuga de fluxo misto. |
3) Bomba Centrífuga de Fluxo Axial ou Helicoaxial: Nas bombas centrífugas de fluxo axial ou helicoaxial o movimento do líquido
ocorre paralelo ao eixo de rotação.
O rotor normalmente possui apenas uma base de fixação das pás com a forma
de um cone ou ogiva. As bombas deste tipo são empregadas quando se necessita de grandes vazões em pequenas e médias
alturas de elevação. Estas bombas são projetadas para que sua vazão e altura correspondam a um
melhor rendimento hidráulico e, como conseqüência, a uma maior economia de energia.
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Bomba centrífuga de fluxo axial. |
APLICAÇÕES DAS BOMBAS CENTRÍFUGAS
A bomba centrífuga radial é a mais utilizada nas instalações industriais hidráulicas industriais. As bombas do tipo INI da IMBIL são utilizadas para o bombeamento de líquidos em saneamento, irrigação, indústrias químicas e petroquímicas, usinas de açúcar, destilarias, indústrias de papel e celulose, esgotos brutos, caldo de bagacilho, circulação de óleo térmico e condensados.
As bomas da linha INI-BLOCK (monobloco) são indicadas no bombeamento de líquidos limpos ou turbos e encontram aplicação em instalações prediais e de ar condicionado, em serviços de resfriamento, circulação de condensados, em irrigações, nas lavouras, nos serviços públicos e em abastecimento de água para indústrias.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a tecnologia de bombeamento, bem como toda a mecânica dos fluidos por si só, são de suma importância para a humanidade, fazendo com que seja indispensável para um engenheiro químico saber empregar adequadamente o conhecimento dessa área para propor ideias e solucionar problemas de destaque na indústria. Mas para tal, apenas conhecer os tipos existentes de bombas na indústria não é suficiente, havendo a necessidade também de se conhecer os princípios básicos de seus componentes e de projetos de instalação relacionados, tais como tubulações, válvulas, máquinas hidráulicas, etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Portal da Indústria, Bombas - Guia Prático, disponível em :
http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2014/04/22/6281/Bombas.pdf, acesso em 31 de outubro de 2015.
SANTOS, SÉRGIO LOPES DOS, Bombas & Instalações Hidráulicas. São Paulo: LCTE Editora, 2007.
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